quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

FELIZ NATAL!!!


CONCURSO POEMA DE NATAL - REPÚBLICA DOS ESCRITORES


1º Lugar
Título: RENASCIMENTO DO IRMÃO
Nome da autora: MARIA EMÍLIA ALGEBAILE – RJ
 
 
 RENASCIMENTO DO IRMÃO
 
Está ali deitado o meu irmão,
Pedaço de mim,
Minha parte melhor,
Deitado, calado, numa viagem interior.
 
Vinte dias em coma
E tanta coisa que eu tinha pra dizer
E nunca foi dito.
Tanta coisa que eu tinha pra escutar
E nunca foi ouvido.
Sequer conseguia lembrar-me
De que ele tinha cabelinhos dentro da orelha
E que fazia uma covinha na face
Quando sorria com os dentes alvos
Agora tão quebrados.
 
Tiramos no par ou ímpar
Quem passaria a noite de Natal
Com o irmão querido
Que se acidentara no início de dezembro.
Ganhei. Sou a irmã mais velha
E isso me caberia por direito,
Mas todos fizeram questão de participar do sorteio.
 
Vinte dias rezando, chamando seu nome
E ele lá deitado na sua manjedoura,
Cercado de aparelhos, recebendo visitas
Que chegavam, talvez, guiadas pela Estrela Guia.
Chegava gente de toda parte,
De todo credo, de toda cor,
Mas com um único sentimento:
Ver o menino renascer.
 
Milagre, coincidência ou apenas fato,
Ele voltou de sua peregrinação
Pelo deserto longínquo da mente
Justo no dia 25.
E não importa se ele me achou parecida com um anjo,
se ele pensou que o enfermeiro era o Papai Noel.
Importa é que ele voltou à vida,
Importa é que ele abriu os olhos
e desejou feliz Natal a todos os moradores
daquela enfermaria.
Importa é que ele estará novamente sentado à direita de mamãe
na mesa farta da ceia natalina,
donde há de brindar-nos com o mais puro sentimento
do irmão que foi feito nossa imagem e semelhança.
 
Sobre a autora 
Maria Emilia Algebaile, graduada em Letras, Especialista em Políticas Públicas pela UFRJ e com Mestrado em Educação pela UFF, dedica-se, há mais de vinte anos, à escrita literária e a estudos técnicos e acadêmicos no campo das políticas públicas. Nascida em 1959, em Paraíba do Sul, Rio de Janeiro, é autora do livro "Mulheres que correm com as baratas", de contos e crônicas e possui textos e poesias em várias coletâneas, e diversos artigos publicados em livros e revistas especializadas em política educacional. Tem um blog, "Quanta Letra" - quantaletra.blogspot.com, onde escreve poesia, crônicas, contos e outros pensamentos. Também participa do Coletivo Multiartístico "Caneta, Lente e Pincel", colaborando com o blog canetalentepincel.blogspot.com, tendo participado de exposições em centros culturais no Rio de Janeiro e oferecido oficinas literárias a professores, jovens, adultos e público da terceira idade.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Texto produzido na Oficina Literária do CCJF. Autora: Heloísa Marcondes


Uma história a partir da interferência "sol a pino no final da tarde e música alta no ar".

"Naquela sexta-feira ela ficou com o carro. Ele foi trabalhar de carona com um amigo e ela prometeu apanhá-lo às seis horas da tarde para irem juntos visitar um casal de amigos e, talvez, jantar com eles. Tudo dependeria do humor de ambos.
O clima entre eles não andava lá muito bom. Qualquer coisinha era motivo de discussão. Conciliar o trabalho da pós com a paz doméstica estava difícil. Buscar em Lacan a explicação para aquele caso de masoquismo que escolhera como tema de discussão requeria uma concentração que ela não estava encontrando. Desistiu, então, e desligou o computador. Fechou os livros, mudou de roupa, desceu, ligou o carro e foi para a cidade, a uns oito quilômetros de seu paraíso na terra.
Aquela casa, aquele rio, as árvores que plantaram juntos, seus bichos, tudo aquilo era o seu sonho realizado. Ali ela se sentia inteira, sua energia se recarregava, sua sensualidade emergia, ela se sentia maior.
Casamento, relacionamento, entendimento. Tudo isso é uma amolação quando no ar existe uma dúvida, uma única pergunta não respondida que ela recebeu como se ele estivesse disfarçando alguma coisa. Veio o ciúme, o velho ciúme a futucar sua insegurança, a fazê-la remoer raivas e brigas antigas. Mas, agora, ela não estava querendo se chatear.
Com a pressa de sair para não perder a hora, ela não notou que o sol ainda brilhava forte. À medida em que percorria a estrada de terra foi notando uma claridade que não era comum àquela hora da tarde. Lembrou então que as cachorras não foram se despedir dela como sempre fazem ao vê-la ligar o carro. Tudo estava parado. Nenhuma folha se movia.
De repente, ao aproximar-se da cidade, ela reparou que nada se mexia na rua, que não havia ninguém em lugar nenhum. E começou a ouvir a música, que aumentava de volume como a sua dúvida, como as perguntas que gritavam na sua cabeça.
Encostou o carro, colocou as mãos nos ouvidos para fazer parar aquele som, mas não adiantou. O sol e o calor do lado de fora estavam insuportáveis. Sentiu-se só, perdida, aturdida. Onde estava a sua paz, a sua harmonia, o seu paraíso?
Foi então que sentiu a mão no seu ombro e olhou para trás. E viu o seu amor. Abraçou-o com força e esqueceu as perguntas. E não restou mais dúvida."


Heloisa Marcondes
07 dez 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Texto da Oficina Literária realizada no CCJF - Autora: Cecília Terrana


CHAMADA PERDIDA
De Cecília Terrana
- Põ, gata! Não é nada disso, não to de caô, não... Eu não podia mesmo atender o celular, eu tava no fixo com a Dra. Ivone (...) Eu sei que hoje é domingo, mas ela me ligou. Pô , gata, ela é minha patroa, não posso deixar de atender(...) Gata, eu não trabalho no domingo, mas ela trabalha. Tá com um processo complicado aí, coisa de milhões, pra ela não tem feriado nem dia santo, não! O dr Filipe foi pra São Paulo pegar uns documentos importantes, tão esperando essas provas pra preparar a defesa do cliente (...) Claro que eu não tenho nada a ver com isso, eu sou só o mensageiro do escritório (...) Pô, gata boy não , que é sacanagem1 Eu sou mensageiro (...) Mas eu não liguei pra ela, foi ela que me ligou, contando uma parada estranha. Aí, disse que tava no ônibus, vinha encontrar com dr Filipe no Santos Dumont, vinha lendo um livro, pra variar, e quando ela olhou pela janela, estranhou que o ônibus estava fazendo a curva pra entrar no Flamengo. Estranhou, porque domingo é área de lazer. Mas ela pensou que pelo horário, já tinha terminado e voltou a ler o livro, biografia da Dolores Duran. Só levantou a cabeça pra fazer sinal, já perto do ponto do aeroporto. Aí viu que estava sozinha no ônibus, não tinha mais ninguém (...) Pô, gata, eu sei que essa história ta estranha, eu também achei, mas ela tava tão nervosa no telefone que eu fiquei com pena, pensei em tanta coisa, até em seqüestro relâmpago (...) então, calma que eu vou contar: ela saltou e não tinha ninguém na rua, nem no aeroporto, nem carro, nem táxi, ninguém nos corredor, ninguém nos balcões pra dar informação. Então ela ligou pra mim, pra eu confirmar a hora do vôo. Eu lembrava direitinho: 18 horas e 10 minutos, seis e dez da tarde, né?  Mas aí, gata, começou uma música alta pra caramba, eu ouvia tudo pelo telefone. Música antiga, sabe? Era a cantora do livro, Dolores Duran. Como é que pode? Ela vem lendo a biografia dessa mulher e no aeroporto toca a música dela? (...) Gata, eu não tô inventando essa parada sinistra só pra não falar com você (...) É verdade, eu ouvi. (...) Como é que eu vou saber o que aconteceu depois, a ligação caiu, eu to tentando ligar pro celular dela e só dá fora de área (...) Peraí, que eu vou fechar um pouco a cortina, que o sol ta vindo direto na minha cara. Esse horário de verão me deixa louco (...) Gata, ta me ouvindo? A ligação ta picotando (...) Gata, que parada sinistra, o sol ta subindo no céu, em vez de descer! Gata, que é que ta rolando? Eu não to agüentando essa luz (...) alô! Alô!!!

7 de dezembro de 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

OFICINA LITERÁRIA


Venham participar da última oficina do ano. Será no dia 07 de dezembro, das 17h às 19h, no CCJF. Entrada franca, com inscrição prévia. Vagas limitadas.

LI, GOSTEI E RECOMENDO



Uma biografia maravilhosa, excelente trabalho de pesquisa! Benjamin Moser mergulha fundo e nos traz à tona aspectos imprescindíveis da vida e dos livros de nossa grande escritora para uma melhor compreensão de sua obra. Clarice Lispector. Cada vez a admiro mais.