segunda-feira, 7 de outubro de 2013

VIDA DE CACHORRO




Um, dois, três cachorrinhos
Todos pretos, rabo em pé,
Mamando no peito da mãe
Atenta para o que der e vier.

Uma, duas cachorrinhas
Delicadas, malhadinhas
Dormindo de barriga cheia
Sob o olhar da mamãe cachorra
Que a filharada saboreia.

                                    De repente, já estarão grandes
                                    Serão bravos cães de guarda
                                    Lindas cadelas de companhia
                                    E a mamãe cachorra feliz
                                    Providenciará nova cria.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

NA CASA DA MINHA VÓ


Na casa da minha vó
Tem açude, tem galinha
Tem até um tal saci
Pulando numa perna só
Na casa da minha vó

Na casa da minha vó
Tem bolo fresco de tarde
Tem carnaval, estandarte
Tem bicho fazendo arte
Na casa da minha vó

Na casa da minha vó
Tem uma cama bem grande
Tem um chuveiro quentinho
Tem menina, toma banho
Tem mingau e churrasquinho
Na casa da minha vó

Na casa da minha vó
Tem sempre uma boa história
Tem sempre um cheiro gostoso
Gosto de colo, de abraço
E a gente nunca está só
Na casa da minha vó

Na casa da minha vó
Tem meu pai, tem minha mãe
Cachorro, borboleta, galinha
Tem flores de manhãzinha
Na casa da minha vó

Na casa da minha vó
Tem um amor desse tamanho
O tempo inteiro e pra sempre
É isso que ela me ensina
É onde serei sempre menina
Sem medo de assombração
A casa da minha vó
Vai estar sempre guardada
Dentro do meu coração


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Mensagem para minha neta



Vivemos tempos difíceis. Minha neta está para nascer a qualquer momento. Entre o pessoal, o íntimo e o social, há um sentimento que perpassa essas três instâncias e o que posso desejar a ela, além de boa saúde, felicidade, realizações, muito amor e sucesso, tem uma mensagem que não posso deixar de gritar: “Seja íntegra, minha neta! Mantenha-se fiel aos seus princípios, não se deixe levar nem corromper, respeite para ser respeitada, veja no outro uma extensão de você mesma, não maltrate, não imponha, dê sempre o seu melhor sorriso, o seu ombro amigo e um bom ouvido de escutar, não transija com questões fundamentais, mas seja tolerante com a ignorância, mas não tanto a ponto de os ignorantes transigirem com esses mesmos valores que você defende. Seja simples, que o maior valor a ser preservado hoje em dia é esse; não estamos mais nos tempos barrocos. Seja feliz, sabendo que a felicidade só se completa no outro.”

sábado, 28 de setembro de 2013

NATUREZA



Borboletas azuis gostam de pousar nas pitangas.
As amarelas, confundem-se com o girassol.
E tem umas vermelhinhas que simplesmente voam pelos verdes.
Que mistura de cores oferece esse lindo mundo!
Que combinações diversas alimentam nosso olhar!
Tão bom que assim fossem os homens
Numa miscelânia de bons sentimentos
Em contrastes formadores de beleza
Em superposições respeitando as diferenças

Em liberdade, por aí, como parte da natureza.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

EU GOSTO



Gosto do barulhinho da chuva
Do cheiro de bolo no forno
Gosto da onda do mar
De ver criança brincando
Jovens a se beijar
Gosto de abraço quentinho
De poça d’água pra pisar
Gosto de um bom livro
E de música pra dançar
Mas se o coração está triste
Ergo-me como dedo em riste

E mando a tristeza esperar

domingo, 22 de setembro de 2013

DÚVIDAS



Quando pequena, eu pensava
Que tanto falam os adultos?
Que tanto assunto eles tem?
Ficam lá batendo boca
Desperdiçando palavras
Em vez de aproveitar a vida

Brincando com a gente também.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

CARTINHA PARA FILÓ

Cartinha para Filó

Meu amor,
Hoje eu queria falar pra você algo sobre a tristeza.
Todo mundo fala muito sobre a alegria, sobre a felicidade e se esquece de valorizar algum momento de tristeza. Não é bom ser triste. Mas é muito positivo estar triste de vez em quando. Isso é sinal de que somos sensíveis, temos um entendimento bem amplo da vida e entendemos que a tristeza é um sinal poderoso que nos faz entender o que de fato tem valor em nossas vidas. Então, estar triste é um bom motivo para repensar a vida e ver o que pode ser mudado para voltar a estar alegre.
Mas nem sempre temos esse poder, às vezes, muitas vezes, o que nos torna tristes está além de nós. Mesmo assim, tenha paciência, porque ninguém fica triste para sempre.
Toda vez que você ficar triste, lembre-se de que sua existência é motivo de felicidade para todos nós. Lembre-se de que, quando você ainda nem respirava, já conseguia nos tirar o fôlego de tanta felicidade pela sua chegada. Lembre-se de que o mundo parou para você chegar e que a tristeza é só o outro lado da alegria. O mundo gira, gira, gira e os sentimentos vão se alternando para que um possa dar suporte ao outro, como o dia e a noite, como a lua e o sol.
Viver é isso, Filó. É estar sempre em busca de equilíbrio, minha bailarina linda!
E, se algum dia, você estiver muito, mas muito triste, saiba que terá sempre um colo aconchegante, seja ele da vovó, do vovô, da mamãe, do papai, de quem quer que te ame. Estaremos sempre presentes para acalentar seu coração.
Em compensação, quando você estiver alegre, seja alegre por todos nós e nos ensine a voar com as asas leves e coloridas que você, com certeza, trará sempre em seu sorriso.
Um beijo da avó que te ama.

14/07/2013

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

BILHETINHO DO DIA

Bilhetinho do dia

Filó, como você está crescida! Que bochechas lindas você me apresentou hoje! Um verdadeiro presente ver você dentro da barriga da mamãe! Mas ainda faltam uns dois meses para eu te pegar no colo, te encher de beijos, trocar uma fralda molhada ou molhar meus olhos de alegria de tê-la em meus braços. Enquanto isso, vá imaginando o que você fará com as asas das borboletas azuis, imagine como dançar com o canto dos passarinhos, com o barulho da chuva, imagine o cheirinho das flores e do bolo fresco saindo do forno. O mundo te espera, Filó. Prepare-se, porque a vida é uma delícia e você poderá extrair o sabor de cada minuto.
É o desejo da vovó.

12/08/2013

domingo, 15 de setembro de 2013

A SAGA DO POTINHO SOLITÁRIO



E o potinho quebrou! A amiga, para se desculpar com a dona do pote, escreveu os singelos versinhos. E a dona do potinho, fez a fotografia. O resultado é este post, que compartilho com vocês!

Texto: Lívia Costa
Foto: Magali Maciel Rios

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A GENTE AMA



A GENTE AMA

A gente ama e não tem porquê.

É um ponto final

Um assombro fatal

A gente ama, a gente ama, agenteama,agenteama...

Não é identificação

Não tem sim nem não

Sequer se pega na mão

Mas agenteama, agenteama

E fica tão amalgamado

O sentimento e o corpo

O sentimento e a alma

O sentimento e a gente

Queama, queama, queama

Até poder amar ainda mais....


Foto: Pedro Fragoso



quinta-feira, 1 de agosto de 2013

SARAU DA BOCA PRA FORA


DA BOCA PRA FORA
Última quarta-feira de julho, um friozinho delicado, agitação no Centro do Rio de Janeiro, a cidade de ressaca pela semana de visitação do Papa, trânsito complicado em Laranjeiras, tudo isso poderia ser uma desculpa para ficar em casa, mas, na Casa da Leitura de Laranjeiras, era noite de homenagem a Vinícius de Moraes.
Após apresentação e comentários sobre a vida, a obra e a importância do poeta para a literatura brasileira, houve a leitura de alguns de seus sonetos, poemas infantis, crônicas e até um trecho de “Orfeu da Conceição”.
Esta primeira apresentação homenageou Vinícius de Moraes e teve como apresentadora a escritora Maria Emilia Algebaile,  coordenadora do Caneta, Lente e Pincel. Apresentaram-se também os poetas David Cohen, Flávio Corrêa de Mello, João Pedro Fagerlande e Felipe Cataldo.
Ao final, uma palhinha da neta do homenageado, Mariana Moraes, que também fez a leitura de poemas.
“Da Boca Pra Fora” é o mais novo evento literário da Cidade do Rio de Janeiro. Realizado sempre às 18h30, na última quarta-feira de cada mês, na Casa da Leitura, é organizado pela Editora Verve  e terá sempre um escritor homenageado, um escritor convidado, que faz a apresentação e mais quatro escritores que fazem a leitura de textos do homenageado e de suas próprias composições.
A casa esteve cheia, com público bastante diversificado – pode-se dizer que dos 8 aos 80 anos estavam ali várias gerações de leitores para curtir e cultivar a poesia.
Evento super interessante e agradável. Recomendamos!
Local: Casa da Leitura-Proler – Rua Pereira da Silva, 86. Laranjeiras. RJ
Dias: Toda última quarta-feira do mês
Horário: a partir das 18h30


domingo, 28 de julho de 2013

ANUNCIAÇÃO



Nem bem foste anunciada
Já és meu caro xodó
Vens de mansinho ao encontro
Da continuidade do mundo
Vem ensinar tua avó.

Algo mudou no dia
Algo mudou em mim
Imaginar teus cabelos
Teus sorrisos, teus mistérios
Me dão uma alegria sem fim

A página do mundo é a próxima
A vida é o devir
O futuro de Filó
Me faz forte, me faz grande
Fez minha filha florir.

O destino que me espera
Será num mundo melhor
E serei feliz pra sempre
Aprendendo sobre a vida

Pelos passos de Filó.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

BOCA DO INFERNO


Fotografia: Sarita Bondim


Grita, que o mundo é surdo
Parla, que eu não escuto
Dessa boca infernal
Saem palavras que queimam
Palavras que cheiram mal

Mais que flechas envenenadas
Mais que tiro bem certeiro
Falas de um jeito que mata
Feres quem não te acata
Maldizes o mundo inteiro

Mas há de chegar o dia
Em que o fogo apagará
Em que fecharás os olhos
Pra teu coração escutar

Será tarde, sinto muito,
Para tentar ponderar
O fogo da tua consciência

É que te consumirá

quinta-feira, 4 de julho de 2013

LEMBRANÇAS

                                 Fotografia: Sarita Bondim

Lembra dos dias frios
em que deitávamos na grama para descobrir o céu?
 Ficávamos lá parados,
respiração compassada,
mãos dadas por um descuido,
o coração se lançando em busca dos ecos do amor.
Éramos tão jovens
E estávamos tão apaixonados
que nem nos dávamos conta disso.
Queríamos apenas estar juntos
e, juntos, permitimos que o tempo passasse.
 A lua estava sempre cheia
porque não olhávamos o real
mas sim o céu possível.
E as estrelas que cintilavam
já estavam extintas há tantos milhões de anos
que nem poderiam servir de testemunhas
ao milagre da construção de nosso afeto.
Deixávamos que as horas voassem
enquanto nos embriagávamos de ilusões
e acabamos por não perceber
 o momento em que surgiu o lado negro da lua.
Aquela lua que, envergonhada de nossas reticências,
resolveu não mais se oferecer inteira aos nossos sonhos
deixando-nos qual estrelas apagadas
carregando pela vida a triste lembrança
do brilho do que um dia fomos.

                                                                

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Política e futebol

Todos naquele país pareciam alienados, gostavam de praia, samba e futebol; assistiam uma emissora de TV que transformava corações e mentes em massa de manobra e a vida seguia, lenta e fria.
Um dia, porém, o sol nasceu diferente. Seus raios penetravam cada olhar, cada pensamento, cada coração daquele povo e iniciou-se uma mudança. Uma mudança de dentro para fora.
Era época de campeonato de futebol e os políticos aproveitavam estes momentos de mobilização nacional para enfiar goela abaixo as leis e regras que desejassem, da forma e intensidade que quisessem. Mas, como eu disse, algo estava mudando.
Foi então que, no jogo final do campeonato, deu-se o fato. Estádio lotado, jogo maravilhoso, o time campeão. Das arquibancadas começou-se a ouvir um brado retumbante e o sol em raios fúlgidos brilhou mais forte naquele instante. O povo se reuniu e sequestrou o time campeão. Como? Indagava a imprensa internacional? Simplesmente sequestrou. E era tanta gente que não havia como mandar a polícia pra cima. Jogadores e povo se irmanavam, uma coisa linda de se ver.
O resgate foi simples: trocaram o time campeão pelos membros do poder legislativo, que se encontra até hoje confinado a espera de uma solução, já que ninguém quer arcar com as despesas necessárias para a libertação dos "sequestrados”.

Nunca antes, na história daquele país, o futebol tinha servido tanto à política. E, embora não tivesse tido muita glória no passado, o povo agora tinha certeza da paz no futuro.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Revista eletrônica Varal do Brasil

http://pt.scribd.com/doc/149855997/Varal-No-24-Julho-Ago-2013

Varal do Brasil - Maio/Junho de 2013www.varaldobrasil.com
p. 175

RISCO INTERIOR
Por Maria Emilia Algebaile

Não rianem faça graça
não conte o que não viu
mesmo com festa na praça
sofro no meu covil
e o que passa em minha vida
como novela barata
não está ao alcance da vista
não acontece a troco de nada
por mais que me traia a noite
o dia nasce é verdade
e o entulho de meu pensamento
confirma que sou covarde
não sei o que vejo, mas sinto
que não posso controlar
o perigo me assusta
o perigo é sentimento
o perigo é esse amor
o perigo está ardendo
mil olhos me veem passar
mil janelas a me espreitar
basta um trejeito, um aceno
pra guiar o meu olhare
 meu olho não sabe nunca
se olha pra fora ou pra dentro
e meu olho salta aos olhos
buscando respostas no vento
meu outro olho me lembra
que o perigo está dentro.
não sei se espio escondido
por detrás daquele muro
não sei se sou espreitado
no mais íntimo ato impuro
sempre tem a luz do sol
chegando antes que eu entre
calando a frase na boca
matando o feto no ventre.

Este poema compõe o livro “Fratura Exposta”,de Maria Emilia Algebaile, lançado em abril de 2013, no Rio de janeiro, pela Editora Verve.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Evento: Encontro com o Caneta, Lente e Pincel


Este evento foi realizado na casa da Leitura - PROLER, em Laranjeiras, RJ, dia 14/05/2013.
Na ocasião, houve a apresentação do grupo, do projeto e a leitura de alguns textos com a exposição da respectiva foto que serviu de mote.
Nesta foto, leio meu texto "Estudante paga meia", inspirado no desenho de Fernanda Franco.
Aqui, o texto:

Hoje eu acordei com um soco encravado e preciso me livrar dele. Já resolvi que o primeiro cliente que pedir desconto, vai ganhar é uma porrada. Eu sou assim e pronto. Às vezes me dá uma zoeira e eu acordo azucrinada, geralmente isso acontece quando é o dia de fazer depilação. Quer coisa mais desagradável do que depilação? Porque eu gosto de ser peludinha, mas tem cliente que não gosta, tem gaiato que me coloca apelido e eu fico puta quando me chamam de “ursinho Blau Blau” ou sei lá que porra de bicho peludo seja. Pois é, eu tenho cabelo pra caramba e minha mãe dizia que eu tinha herdado isso do meu pai. Mas essa história de me zoarem e me chamarem de “menino peludo” já deu nos nervos e eu comecei a raspar. Mas aí a Veruska me disse que depilar é mais legal e coisa e tal e fui experimentar a porra da depilação. Decidi e quando eu decido... Eu sou assim e pronto. 
Só o que aquela bicha velha não contou era que ela estava aprendendo a depilar e precisava de uma cobaia...eu. Cheguei lá e ela arrancou meus cabelinhos da perna. Doeu pra caralho, mas ela me convenceu a fazer a barba que estava nascendo. Ela me disse que a carinha lisa era muito mais gostosa, que os garotos iam adorar e coisa e tal. Deixei. Porque eu penso bem, eu meço as coisas para decidir. Mas quando eu decido... Eu sou assim e pronto. 
Decidi deixar e ela me chapou a cera quente na porra da minha cara e puxou como se tivesse puxando o último baseado... arrancou tudo, quase meu gogó foi embora...primeiro ficou lisinho, mas depois foi ficando vermelho, em alguns pontos saiu até sangue e a cara começou a inchar e eu fiquei igual a uma boneca inflável, com a cara toda lisa e estufada. Fiquei uma semana tendo que agüentar a rapaziada me chamando de Lady Boy, que eu descobri depois, no Google, que era o nome de uma tal boneca erótica. E o pior é que queriam desconto porque diziam que era estranho... Que ódio! Eu já cobrava meia pra estudante, que acho uma coisa justíssima, mas desconto..... 
Nunca mais falei com a Veruska, mas descobri um lugar decente pra depilar a perna e os braços de vez em quando. E hoje é dia. 
A rigor, pra ser bem sincera e falar de dentro do meu coração, eu gosto de ser peluda, mas tem essa história do meu pai e depois tem essa coisa da depilação que me traumatizou pra cacete. Então, como é do meu feitio, eu pensei bem, considerei todos os aspectos e decidi que seria meio a meio. Depilação só nas pernas e nos braços. O resto ficaria cabeludo. Mas tem alguns clientes, essa porra desses estudantes, que me pedem desconto porque me acham estranho.... Logo eu, que dou desconto social... 
O fator surpresa sempre me excitou muito. Com os clientes nem sempre dá certo, principalmente com a estudantada, que eu prefiro, mas que me sacaneia muito. Tinha um até que me propôs trabalhar num circo quando me aposentasse, substituindo a Konga, aquela macaca que todo mundo que teve infância conhece. E no dia que esse cara falou isso eu fiquei muito puta e parti pra cima dele, mas ele era mais forte e quem dançou foram meus dentes. Depois, quando ele viu que eu estava banguela, ficou arrependido e até cuidou de mim uns tempos. Mas aí, acho que ele passou no vestibular, não sei se pro Rio de Janeiro ou pra São Paulo e a lembrança que tenho dele é a falta dos dentes, a proposta de um trabalho num circo e o pedido de desconto, porque todos os carinhas acham estranho ir com um cara desdentado. Esse, o do soco, esse deu trabalho pra esquecer porque eu não cheguei a decidir que não queria mais ver o desgraçado. O tempo se encarregou disso. E quando isso acontece, eu, que também sou sensível, fico mal pra caramba. Eu sou assim e pronto. Sensível, peluda, desdentada e dura. 
E é por essa e por outras que hoje eu desencravo esse soco na cara do primeiro que me pedir desconto. 

http://canetalentepincel.blogspot.com.br/2011/09/estudante-paga-meia.html

domingo, 12 de maio de 2013

Preparando para entrevista da TV Escritor, na Editora 5W, sobre meu livro "Fratura Exposta"




Nesta entrevista pude falar sobre o processo de criação do livro. Também me foi perguntado sobre o fato de eu escrever meu primeiro livro de contos e crônicas e este de poemas. Muito interessante o papo sobre literatura, o fazer literário...assim que for ao ar, eu aviso!

terça-feira, 30 de abril de 2013

O MEU RIO DE JANEIRO - Obra em parceria com Magali Rios, na Exposição do Estácio de Sá Monumento




O MEU RIO DE JANEIRO

No avesso é que se encontra
Todo lugar verdadeiro
Vou cantar para vocês
O meu Rio de Janeiro
Se a favor ou do contra
Isso pouco me apetece
Mas posso afirmar com certeza
Diferente de outras cidades
No Rio tudo acontece.

O Rio tem umas coisas
Que são bem contraditórias
E como tudo no mundo
Tem o seu mal e o seu bem
De tudo que vi na vida
Seu moço, você me diga
Conta pra mim sua história
Que é pra eu registrar também.

Um calor insuportável
Mas daqui não se sai não
Compra-se roupa de inverno
Corre-se do caveirão
Fala-se mal de todos
Mas na hora do sufoco
Chamo o cara de mermão.

Usa-se salto alto
Tailler e terno e gravata
Fica-se preso no asfalto
Nas pedrinhas das calçadas
Restaurante refrigerado
Para comer fondue
Não permita Deus que eu morra
Longe das coisas daqui

Olho para todo lado
Coisa complicada é aquela
Rainha do carnaval
Que mora numa favela
E no campo religioso
Tem ateu, tem alvoroço
Tem seitas novas também
Cada um na sua fé
Acredita em alguma coisa
E o cristo Redentor
Abençoa e diz amém.

Fala-se da ginga maneira
Que o carioca tem
No meio de tantos sotaques
Fique calmo, não me ataques
Que eu vou criar também.
Usa-se gíria e soneto
Um bom verso nordestino
E até foto digital
Pra traduzir o Rio
É preciso riso e ciso
Muita dose de improviso
E saber que a cidade
Não é só um litoral.

Vou contar para o senhor
Que isso aqui é o paraíso
Embora exista muito cabra
Que canta sem compromisso
As belezas da Pasárgada
Melhor eu nem falar nisso!

Isso aqui é a reunião
Das coisas que não combinam
Mas vou dizer uma coisa
Me ouça bem, seu menino!
Não em terra mais bonita
Não tem gente mais querida
Não tem jeito mais arretado!
O Rio e o carioca
Se já não estivessem existindo
Teriam que ser inventados.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Pelo direito de não fazer nada


Parei. Quero defender o direito de não fazer nada. Não quero argumentar, discordar, concordar, pensar a respeito, agir, não quero nada. Mas isso, aliás, é fazer alguma coisa. Bem, não importa. Quando falo nada, penso que todos me entendem muito bem, mas quem de nós tem a coragem de admitir?
Estamos tão assoberbados de tarefas, tão impedidos de viver por falta de um tempo que, enfim, desperdiçamos! Reivindico uma pausa para fazer nada. O mundo não pode me negar essa possibilidade.
Não quero ter que responder ao facebook como me sinto hoje; não quero ter que explicar ao trocador do ônibus que, não, não tenho trocado, mas preciso saltar daqui a quatro pontos; não quero discutir com a secretária do consultório que teima em dizer que só há vaga para o mês que vem; dispenso as justificativas para meu novo penteado... saí assim na rua porque me deu vontade. Cansei.
Tão pouco quero ter que me posicionar contrariamente às injustiças, ter que cobrar direitos, o simples fato de termos que cobrar e explicar deixa claro o grau de poluição dos valores da vida, aqueles aque podemos chamar de cláusulas pétreas do exercício vital. Tá tudo muito sujo, cheio de ruído, embolado demais. Cansei.
Tanta coisa para sentir, para me extasiar, para me fazer rir ou chorar e eu aqui perdendo o meu precioso tempo tendo que trocar as máscaras velozmente para que o mundo me aceite.
Não quero fazer força para me sentir parte integrante de um mundo que me aceite como eu não sou. Tenho o direito de ser oval num mundo hexagonal. Não me encaixo. Simples assim.
Quantos desejamos acordar e não precisar de espelho nem de TV para saber quem somos, do que gostamos, e o que, afinal, estamos fazendo aqui?
Talvez, amanhã, eu jogue a primeira pedra. Por hoje, quero estar. simplesmente estar.

sábado, 6 de abril de 2013

terça-feira, 26 de março de 2013

FRATURA EXPOSTA, de Maria Emilia Algebaile. Editora Verve, 2013. 128 páginas.

"Os poemas apresentados em “Fratura Exposta” foram construídos em torno de momentos de crise e ruptura com situações ou condições que pareciam sólidas e estabelecidas. Não tratam de crises passageiras que apenas agitam a superfície dos fatos. Tratam daquelas crises cuja intensidade põe em cheque tanto o futuro quanto as próprias formas de compreensão do passado e da experiência histórica que parecia confirmar os seus sentidos.
A linguagem, na sua forma pretensamente uniformizada de expressar a vida; a intimidade, enganosamente percebida como lugar de acúmulos inabaláveis; o mundo organizado, identificado como condição de estabilidade; e o amor romântico, entendido como garantia de parceria e acolhimento, são os quatro elementos submetidos à fratura, em um exercício que, no entanto, contraditoriamente, também é experimentado como desafio de entendimento e tentativa de reescrita do modo de estar no mundo." 

sexta-feira, 15 de março de 2013


Ela chegou pisando leve de tanta ansiedade que trazia nas várias camadas de pele, uma pele macia que se eriçava ao toque cheiroso da brisa do mar. Pensamentos infinitos, sentimentos híbridos e sensações desconhecidas arrefeciam a estranha mania que tinha de manter os pés na realidade. Ainda não descobrira que a vida só acontece dentro do coração, da mente e do corpo. O resto é apenas exterior, é paisagem que emoldura o viver.
Sentada na areia branca e fina, observava o horizonte enquanto a luz do dia se dissipava a cada piscar de olhos. Deu-se conta da existência quando o escuro se fez mais completo e conseguiu ver as estrelas que lhes piscavam os olhos, buscando cumplicidade.
Era noite, então. E ela fechou os olhos e se deixou levar pelo barulho molhado das ondas que ousavam respingar em seus pés. Súbito, uma faísca rompe a linha do horizonte e, mas rápido que seu pensamento, surge o sol a queimar-lhe as retinas. Uma luz de absoluta vida entrando por todos os poros, com cheiro de existência e sonho, a chamava de forma definitiva. Deixou-se abduzir e foi então que nasceu.

sábado, 9 de março de 2013

Mais um pouco do "Livro das Mães" - Hora Certa


H
ORA CERTA – (1) Lembre-se sempre da Lei de Murphy: se estiver em dúvida sobre a hora certa de falar alguma coisa, não fale. A hora vai estar errada. (2) Se marcar para sair daqui a 15 minutos, por favor, saia daqui a 15 minutos. Não atrase porque, se você atrasar vai dar munição pra ele chegar atrasado em casa (hehehe... essa é do século passado, mas ainda funciona). Ele pode até chegar atrasado, mas não vai ter essa desculpa. (3) A hora certa para sexo é qualquer hora. Eu sei que vocês já descobriram isso, mas é que, com o tempo, vocês podem ir esquecendo. Ah, e é claro que esta verdade só vale para você e seu marido, senão pode dar confusão (hehehe... de novo).

sexta-feira, 1 de março de 2013

ERA UMA VEZ LUDOVICO




Ludovico era um cachorro que sonhava em ter uma vida gostosa, numa casa onde os donos o tratassem com amor e sentissem orgulho dele. Na verdade, ele ainda não era bem um cachorro, era apenas uma idéia de cachorro ou, se preferirem, era uma alma de cachorro em busca de um corpo para poder nascer.
Ele vivia no espaço e ficava lá de cima olhando os países, as cidades, as pessoas e ficava sonhando e imaginando a sua vida terrestre. Como seria, se ele nascesse no Japão? E se ele fosse viver em Paris? Quem sabe, teria uma boa vida se fosse o animal de estimação da Rainha da Inglaterra? E se os seus donos tivessem outros cachorros? E se os filhos de seus donos não gostassem dele? E se ele se comportasse de uma forma estranha e não agradasse os donos?
Ludovico tinha muitas perguntas, muitos sonhos e medos, mas ficava esperando sua vez de nascer. Todo mundo espera sua vez de nascer e tem que ir se preparando para viver sua vida da melhor forma possível.  O tempo passava...
No Brasil, na cidade mais linda do mundo, o Rio de Janeiro, havia um casal que desejava muito ter um cachorro, mas eles queriam ter um cachorro especial, que completasse a vida deles, que desse e recebesse carinho, que roesse chinelos, comesse os biscoitos do armário, que fizesse xixi pela sala e que enchesse a casa de alegria. Joana e Raul se conheciam há muito tempo, se amavam há muito tempo e viviam buscando o cachorro ideal.
O tempo foi passando e eles continuavam a procurar um cachorro que olhasse nos seus olhos e latisse direto dentro do coração deles. Não é sempre que isso acontece. E eles ficavam pensando em como seria esse cachorro e o que fazer para merecê-lo. E se ele fosse zangado? E se ele mordesse as visitas? E se ele não gostasse da vida que eles lhe oferecessem? E se eles fossem uns donos egoístas e o cachorro fugisse de casa?
Joana e Raul tinham muitas perguntas, muitos sonhos e medos, mas ficavam esperando o momento certo e o cachorro certo. Todo mundo deve esperar o momento certo para as coisas acontecerem da melhor forma possível.  O tempo passava...
Mas um dia, como num conto de fadas, uma estrela conduziu o Ludovico para junto de Joana e Raul. E, quando viu os olhos dos dois, Ludovico se apaixonou. E quando Joana e Raul ouviram seu latido, souberam que era ele. Os corações se reconheceram e não precisou mais nada para saberem que seria um amor de verdade. E todos viveram felizes para sempre.