segunda-feira, 27 de maio de 2013

Revista eletrônica Varal do Brasil

http://pt.scribd.com/doc/149855997/Varal-No-24-Julho-Ago-2013

Varal do Brasil - Maio/Junho de 2013www.varaldobrasil.com
p. 175

RISCO INTERIOR
Por Maria Emilia Algebaile

Não rianem faça graça
não conte o que não viu
mesmo com festa na praça
sofro no meu covil
e o que passa em minha vida
como novela barata
não está ao alcance da vista
não acontece a troco de nada
por mais que me traia a noite
o dia nasce é verdade
e o entulho de meu pensamento
confirma que sou covarde
não sei o que vejo, mas sinto
que não posso controlar
o perigo me assusta
o perigo é sentimento
o perigo é esse amor
o perigo está ardendo
mil olhos me veem passar
mil janelas a me espreitar
basta um trejeito, um aceno
pra guiar o meu olhare
 meu olho não sabe nunca
se olha pra fora ou pra dentro
e meu olho salta aos olhos
buscando respostas no vento
meu outro olho me lembra
que o perigo está dentro.
não sei se espio escondido
por detrás daquele muro
não sei se sou espreitado
no mais íntimo ato impuro
sempre tem a luz do sol
chegando antes que eu entre
calando a frase na boca
matando o feto no ventre.

Este poema compõe o livro “Fratura Exposta”,de Maria Emilia Algebaile, lançado em abril de 2013, no Rio de janeiro, pela Editora Verve.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Evento: Encontro com o Caneta, Lente e Pincel


Este evento foi realizado na casa da Leitura - PROLER, em Laranjeiras, RJ, dia 14/05/2013.
Na ocasião, houve a apresentação do grupo, do projeto e a leitura de alguns textos com a exposição da respectiva foto que serviu de mote.
Nesta foto, leio meu texto "Estudante paga meia", inspirado no desenho de Fernanda Franco.
Aqui, o texto:

Hoje eu acordei com um soco encravado e preciso me livrar dele. Já resolvi que o primeiro cliente que pedir desconto, vai ganhar é uma porrada. Eu sou assim e pronto. Às vezes me dá uma zoeira e eu acordo azucrinada, geralmente isso acontece quando é o dia de fazer depilação. Quer coisa mais desagradável do que depilação? Porque eu gosto de ser peludinha, mas tem cliente que não gosta, tem gaiato que me coloca apelido e eu fico puta quando me chamam de “ursinho Blau Blau” ou sei lá que porra de bicho peludo seja. Pois é, eu tenho cabelo pra caramba e minha mãe dizia que eu tinha herdado isso do meu pai. Mas essa história de me zoarem e me chamarem de “menino peludo” já deu nos nervos e eu comecei a raspar. Mas aí a Veruska me disse que depilar é mais legal e coisa e tal e fui experimentar a porra da depilação. Decidi e quando eu decido... Eu sou assim e pronto. 
Só o que aquela bicha velha não contou era que ela estava aprendendo a depilar e precisava de uma cobaia...eu. Cheguei lá e ela arrancou meus cabelinhos da perna. Doeu pra caralho, mas ela me convenceu a fazer a barba que estava nascendo. Ela me disse que a carinha lisa era muito mais gostosa, que os garotos iam adorar e coisa e tal. Deixei. Porque eu penso bem, eu meço as coisas para decidir. Mas quando eu decido... Eu sou assim e pronto. 
Decidi deixar e ela me chapou a cera quente na porra da minha cara e puxou como se tivesse puxando o último baseado... arrancou tudo, quase meu gogó foi embora...primeiro ficou lisinho, mas depois foi ficando vermelho, em alguns pontos saiu até sangue e a cara começou a inchar e eu fiquei igual a uma boneca inflável, com a cara toda lisa e estufada. Fiquei uma semana tendo que agüentar a rapaziada me chamando de Lady Boy, que eu descobri depois, no Google, que era o nome de uma tal boneca erótica. E o pior é que queriam desconto porque diziam que era estranho... Que ódio! Eu já cobrava meia pra estudante, que acho uma coisa justíssima, mas desconto..... 
Nunca mais falei com a Veruska, mas descobri um lugar decente pra depilar a perna e os braços de vez em quando. E hoje é dia. 
A rigor, pra ser bem sincera e falar de dentro do meu coração, eu gosto de ser peluda, mas tem essa história do meu pai e depois tem essa coisa da depilação que me traumatizou pra cacete. Então, como é do meu feitio, eu pensei bem, considerei todos os aspectos e decidi que seria meio a meio. Depilação só nas pernas e nos braços. O resto ficaria cabeludo. Mas tem alguns clientes, essa porra desses estudantes, que me pedem desconto porque me acham estranho.... Logo eu, que dou desconto social... 
O fator surpresa sempre me excitou muito. Com os clientes nem sempre dá certo, principalmente com a estudantada, que eu prefiro, mas que me sacaneia muito. Tinha um até que me propôs trabalhar num circo quando me aposentasse, substituindo a Konga, aquela macaca que todo mundo que teve infância conhece. E no dia que esse cara falou isso eu fiquei muito puta e parti pra cima dele, mas ele era mais forte e quem dançou foram meus dentes. Depois, quando ele viu que eu estava banguela, ficou arrependido e até cuidou de mim uns tempos. Mas aí, acho que ele passou no vestibular, não sei se pro Rio de Janeiro ou pra São Paulo e a lembrança que tenho dele é a falta dos dentes, a proposta de um trabalho num circo e o pedido de desconto, porque todos os carinhas acham estranho ir com um cara desdentado. Esse, o do soco, esse deu trabalho pra esquecer porque eu não cheguei a decidir que não queria mais ver o desgraçado. O tempo se encarregou disso. E quando isso acontece, eu, que também sou sensível, fico mal pra caramba. Eu sou assim e pronto. Sensível, peluda, desdentada e dura. 
E é por essa e por outras que hoje eu desencravo esse soco na cara do primeiro que me pedir desconto. 

http://canetalentepincel.blogspot.com.br/2011/09/estudante-paga-meia.html

domingo, 12 de maio de 2013

Preparando para entrevista da TV Escritor, na Editora 5W, sobre meu livro "Fratura Exposta"




Nesta entrevista pude falar sobre o processo de criação do livro. Também me foi perguntado sobre o fato de eu escrever meu primeiro livro de contos e crônicas e este de poemas. Muito interessante o papo sobre literatura, o fazer literário...assim que for ao ar, eu aviso!