Todos naquele país pareciam alienados, gostavam de praia, samba e
futebol; assistiam uma emissora de TV que transformava corações e mentes em
massa de manobra e a vida seguia, lenta e fria.
Um dia, porém, o sol nasceu diferente. Seus raios penetravam cada olhar,
cada pensamento, cada coração daquele povo e iniciou-se uma mudança. Uma
mudança de dentro para fora.
Era época de campeonato de futebol e os políticos aproveitavam estes
momentos de mobilização nacional para enfiar goela abaixo as leis e regras que
desejassem, da forma e intensidade que quisessem. Mas, como eu disse, algo
estava mudando.
Foi então que, no jogo final do campeonato, deu-se o fato. Estádio
lotado, jogo maravilhoso, o time campeão. Das arquibancadas começou-se a ouvir
um brado retumbante e o sol em raios fúlgidos brilhou mais forte naquele instante. O povo se reuniu e sequestrou o time campeão. Como? Indagava a
imprensa internacional? Simplesmente sequestrou. E era tanta gente que não
havia como mandar a polícia pra cima. Jogadores e povo se irmanavam, uma coisa
linda de se ver.
O resgate foi simples: trocaram o time campeão pelos membros do poder
legislativo, que se encontra até hoje confinado a espera de uma solução, já que
ninguém quer arcar com as despesas necessárias para a libertação dos "sequestrados”.
Nunca antes, na história daquele país, o futebol tinha servido tanto à
política. E, embora não tivesse tido muita glória no passado, o povo agora
tinha certeza da paz no futuro.