quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

SEMENTE Por Maria Emilia Algebaile para a Revista Varal do Brasil



SEMENTE
Por Maria Emilia Algebaile para a Revista Varal do Brasil
Sinto um verde quente e escuro
Nos abismos da floresta
Úteros que protegem
Novos verdes delirantes
da natureza em festa
O verde se alastra
E rouba a cena
Dando sentido
A uma vida tão pequena
Que seria incapaz de ousar.
Noutros tempos, noutras folhas,
A chuva batia afoita
E o canto que se ouvia
Era cantiga de ninar.
Mas nos tempos de agora
A chuva que bate lá fora
É como criança que chora
Com fome, sede e penar.
Meu olhar vazio e pouco
Se envolve num ballet louco
Perdido nos verdes barulhos
De um leve ressonar.
Então ergo as mãos ao alto

Tentando evitar um salto
Mas o destino incauto
Me empurra e faz desabar.
Caio emprenhada no solo
E abraçada às folhas mortas
Luto por nossas vidas
Prestes a germinar.

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