Era primavera, mas aquela árvore já jogava em minha cara as
folhas secas que caíam.
Métrica e rima não harmonizavam com as palavras duras
que vi saírem de minha
boca
e eu precisava tanto escrever aquele poema!
Caminhos em curva me induziam a perder-me nas tangentes.
A lógica da vida não poderia ser enquadrada no absoluto
abstrato de minh'alma.
E eu precisava tanto de escrever aquele poema!
Sem as letras certas, sem modelos e com sintaxe truncada,
procurava o sol
onde apenas o frio da noite se oferecia.
Ninhos vazios no alto das árvores
já abduzidos por
formigas
e transformados em celeiros de alimento forte.
Minhas pegadas desenhando tristes notas musicais no chão de
terra batida.
Os olhos tentando piscar em meio à tempestade de areia.
Engoli seco e comecei a ler os rastros sem que me desse
conta.
A poesia me embalava.
O poema estava pronto.