terça-feira, 30 de abril de 2013

O MEU RIO DE JANEIRO - Obra em parceria com Magali Rios, na Exposição do Estácio de Sá Monumento




O MEU RIO DE JANEIRO

No avesso é que se encontra
Todo lugar verdadeiro
Vou cantar para vocês
O meu Rio de Janeiro
Se a favor ou do contra
Isso pouco me apetece
Mas posso afirmar com certeza
Diferente de outras cidades
No Rio tudo acontece.

O Rio tem umas coisas
Que são bem contraditórias
E como tudo no mundo
Tem o seu mal e o seu bem
De tudo que vi na vida
Seu moço, você me diga
Conta pra mim sua história
Que é pra eu registrar também.

Um calor insuportável
Mas daqui não se sai não
Compra-se roupa de inverno
Corre-se do caveirão
Fala-se mal de todos
Mas na hora do sufoco
Chamo o cara de mermão.

Usa-se salto alto
Tailler e terno e gravata
Fica-se preso no asfalto
Nas pedrinhas das calçadas
Restaurante refrigerado
Para comer fondue
Não permita Deus que eu morra
Longe das coisas daqui

Olho para todo lado
Coisa complicada é aquela
Rainha do carnaval
Que mora numa favela
E no campo religioso
Tem ateu, tem alvoroço
Tem seitas novas também
Cada um na sua fé
Acredita em alguma coisa
E o cristo Redentor
Abençoa e diz amém.

Fala-se da ginga maneira
Que o carioca tem
No meio de tantos sotaques
Fique calmo, não me ataques
Que eu vou criar também.
Usa-se gíria e soneto
Um bom verso nordestino
E até foto digital
Pra traduzir o Rio
É preciso riso e ciso
Muita dose de improviso
E saber que a cidade
Não é só um litoral.

Vou contar para o senhor
Que isso aqui é o paraíso
Embora exista muito cabra
Que canta sem compromisso
As belezas da Pasárgada
Melhor eu nem falar nisso!

Isso aqui é a reunião
Das coisas que não combinam
Mas vou dizer uma coisa
Me ouça bem, seu menino!
Não em terra mais bonita
Não tem gente mais querida
Não tem jeito mais arretado!
O Rio e o carioca
Se já não estivessem existindo
Teriam que ser inventados.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Pelo direito de não fazer nada


Parei. Quero defender o direito de não fazer nada. Não quero argumentar, discordar, concordar, pensar a respeito, agir, não quero nada. Mas isso, aliás, é fazer alguma coisa. Bem, não importa. Quando falo nada, penso que todos me entendem muito bem, mas quem de nós tem a coragem de admitir?
Estamos tão assoberbados de tarefas, tão impedidos de viver por falta de um tempo que, enfim, desperdiçamos! Reivindico uma pausa para fazer nada. O mundo não pode me negar essa possibilidade.
Não quero ter que responder ao facebook como me sinto hoje; não quero ter que explicar ao trocador do ônibus que, não, não tenho trocado, mas preciso saltar daqui a quatro pontos; não quero discutir com a secretária do consultório que teima em dizer que só há vaga para o mês que vem; dispenso as justificativas para meu novo penteado... saí assim na rua porque me deu vontade. Cansei.
Tão pouco quero ter que me posicionar contrariamente às injustiças, ter que cobrar direitos, o simples fato de termos que cobrar e explicar deixa claro o grau de poluição dos valores da vida, aqueles aque podemos chamar de cláusulas pétreas do exercício vital. Tá tudo muito sujo, cheio de ruído, embolado demais. Cansei.
Tanta coisa para sentir, para me extasiar, para me fazer rir ou chorar e eu aqui perdendo o meu precioso tempo tendo que trocar as máscaras velozmente para que o mundo me aceite.
Não quero fazer força para me sentir parte integrante de um mundo que me aceite como eu não sou. Tenho o direito de ser oval num mundo hexagonal. Não me encaixo. Simples assim.
Quantos desejamos acordar e não precisar de espelho nem de TV para saber quem somos, do que gostamos, e o que, afinal, estamos fazendo aqui?
Talvez, amanhã, eu jogue a primeira pedra. Por hoje, quero estar. simplesmente estar.

sábado, 6 de abril de 2013