quinta-feira, 25 de abril de 2013

Pelo direito de não fazer nada


Parei. Quero defender o direito de não fazer nada. Não quero argumentar, discordar, concordar, pensar a respeito, agir, não quero nada. Mas isso, aliás, é fazer alguma coisa. Bem, não importa. Quando falo nada, penso que todos me entendem muito bem, mas quem de nós tem a coragem de admitir?
Estamos tão assoberbados de tarefas, tão impedidos de viver por falta de um tempo que, enfim, desperdiçamos! Reivindico uma pausa para fazer nada. O mundo não pode me negar essa possibilidade.
Não quero ter que responder ao facebook como me sinto hoje; não quero ter que explicar ao trocador do ônibus que, não, não tenho trocado, mas preciso saltar daqui a quatro pontos; não quero discutir com a secretária do consultório que teima em dizer que só há vaga para o mês que vem; dispenso as justificativas para meu novo penteado... saí assim na rua porque me deu vontade. Cansei.
Tão pouco quero ter que me posicionar contrariamente às injustiças, ter que cobrar direitos, o simples fato de termos que cobrar e explicar deixa claro o grau de poluição dos valores da vida, aqueles aque podemos chamar de cláusulas pétreas do exercício vital. Tá tudo muito sujo, cheio de ruído, embolado demais. Cansei.
Tanta coisa para sentir, para me extasiar, para me fazer rir ou chorar e eu aqui perdendo o meu precioso tempo tendo que trocar as máscaras velozmente para que o mundo me aceite.
Não quero fazer força para me sentir parte integrante de um mundo que me aceite como eu não sou. Tenho o direito de ser oval num mundo hexagonal. Não me encaixo. Simples assim.
Quantos desejamos acordar e não precisar de espelho nem de TV para saber quem somos, do que gostamos, e o que, afinal, estamos fazendo aqui?
Talvez, amanhã, eu jogue a primeira pedra. Por hoje, quero estar. simplesmente estar.

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