quinta-feira, 4 de julho de 2013

LEMBRANÇAS

                                 Fotografia: Sarita Bondim

Lembra dos dias frios
em que deitávamos na grama para descobrir o céu?
 Ficávamos lá parados,
respiração compassada,
mãos dadas por um descuido,
o coração se lançando em busca dos ecos do amor.
Éramos tão jovens
E estávamos tão apaixonados
que nem nos dávamos conta disso.
Queríamos apenas estar juntos
e, juntos, permitimos que o tempo passasse.
 A lua estava sempre cheia
porque não olhávamos o real
mas sim o céu possível.
E as estrelas que cintilavam
já estavam extintas há tantos milhões de anos
que nem poderiam servir de testemunhas
ao milagre da construção de nosso afeto.
Deixávamos que as horas voassem
enquanto nos embriagávamos de ilusões
e acabamos por não perceber
 o momento em que surgiu o lado negro da lua.
Aquela lua que, envergonhada de nossas reticências,
resolveu não mais se oferecer inteira aos nossos sonhos
deixando-nos qual estrelas apagadas
carregando pela vida a triste lembrança
do brilho do que um dia fomos.

                                                                

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