sexta-feira, 18 de maio de 2018

Sobre "CORROSÃO", de Ricardo Labuto Gondim



E quando se pensa que as respostas estão no futuro, lá vem o passado nos reapresentando questões irrespondíveis. Ao concluir a leitura do livro “Corrosão”, de Ricardo Labuto Gondim, inicia-se a (re)leitura de nós mesmos. Impressinou-me demais. Não sou uma devoradora de livros de ficção científica e, confesso, a literatura brasileira carece de mais obras do gênero. Então, foi com um certo ceticismos que iniciei a leitura, como quem está á beira do Mar do Norte e, diante da imensidão e do frio, coloca apenas as pontas dos dedos na água gelada. Quando me dei conta, estava mergulhada tal qual o Titanic, não naufragada, mas absorvida pela escrita sedutora do autor. Em meio a palavras e conceitos que eu desconhecia completamente, já desde o primeiro capítulo, a leitura prende. Prende e nos arrasta junto com a nave espacial Nikola Tesla para uma viagem da qual não voltamos os mesmos. O título não poderia ser mais apropriado, metaforicamente o leitor é levado a colocar em dúvida e questionar algumas das verdades que julgava cláusulas pétreas... em muitas situações nossos valores são colocados em xeque e nos vemos angustiados com as decisões  dos personagens, cuja composição é sólida e merece todo o reconhecimento. Muito interessante também o jogo imagético e simbólico  entre o microcosmo da nave com sua tripulação e o universo expandido com suas galáxias e buracos negros; a contraposição e o embate feroz entre passado e futuro, entre o ser-particular e o ser-genérico. É no espaço-tempo da nave que se percebe todo o embate entre categorias temporais e a ação decisiva do homem (ainda) sobre a máquina. Diametralmente oposto ao tempo ficcional é o tempo do leitor que viaja e transcende, corroendo e sendo corroído, mas seguindo em frente pronto para novas leituras da realidade que se apresentatá. A nós leitores, fica o devir de uma escrita que conquista desde a primeira página e não se esgota no ponto final.
Parabéns, Ricardo. Eu, realmente , não esperava nada menos de você.
Maria Emilia Algebaile

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