quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Trecho do "Livro das Mães"

Um dia acordei e me dei conta de como dói ser mãe! É como andar em pedra dura e ter medo de que ela se parta de uma hora para outra; é ter todas as certezas do mundo, duvidando apenas da nossa própria existência no momento certo em que o filho precisar de nós; é não dormir se o filho está sofrendo ou simplesmente se acabando em uma balada na noite. Estranhamente, tudo muda a partir do instante em que os filhos nascem. Não falo do corpo, que este volta para o lugar mais cedo ou mais tarde, ou nem tanto. Mas isso passa a não ser tão importante. Falo de um certo brilho no olhar, uma coisa divina que faz parte da fisionomia de todas as mães. Quem já teve a oportunidade de observar como uma mãe olha para seu filho, saberá do que falo. O que vai naquele olhar é como um raio X da alma do filho. Pode-se não saber exatamente o que está acontecendo, mas temos a exata dimensão de quando algo não vai bem. Mas não é só isso. Falo também de um medo que passa a percorrer o pensamento. Medo de não dar conta do recado, medo de não educar direito, medo de amar demais e sufocar, medo de amar de menos e deixar o filho sem colo, medo de perde-lo, medo de que fique triste...mas, acima de tudo, medo de que o filho não seja feliz. Deve ser porque as mães vêem seus filhos como continuidade de sua vida, a sua parte melhor, desenvolvida, com novas chances, novos caminhos a percorrer, uma parte que pode dar mais certo. Talvez por isso, os filhos são completos, corretos, lindos...nos sonhos de suas mães. Mas mesmo me dando conta disso tudo, afirmo, com certeza absoluta e o olhar mais intenso do mundo que ter filhos é a melhor coisa da vida. Ter filhos e vê-los caminhar independentes; ter filhos e ouvi-los falar com convicção sobre suas opções de vida; ter filhos e provar um sentimento maior que amor, um sentimento que é a própria tecitura da vida, num movimento de mão dupla e sempre na dose igual para cada um dos filhos que se possa ter. Um, dois, dez filhos, não importa. Porque não se trata de quantidade. Uma relação assim tão forte não pode ser conceituada nem medida. Ela dói e refresca ao mesmo tempo. Quem participa deste maravilhoso jogo sabe que vence quem percebe e aproveita cada detalhe vivido.

2 comentários:

  1. Ser filho é maravilhoso, é muito bom quando se tem os pais por perto por muitos e muitos anos. Mas nada se compara a ser mãe; é tudo isso que o texto diz e muito mais.....
    Parabéns Maria Emília (Didi) pelo blog e pelas filhas.

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  2. Com certeza ;) Lindo texto!
    Uma vez li ou ouvi algo que caiu como luva, que 'ser mae eh viver culpada'...rs . Bjs!

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