sexta-feira, 15 de março de 2013


Ela chegou pisando leve de tanta ansiedade que trazia nas várias camadas de pele, uma pele macia que se eriçava ao toque cheiroso da brisa do mar. Pensamentos infinitos, sentimentos híbridos e sensações desconhecidas arrefeciam a estranha mania que tinha de manter os pés na realidade. Ainda não descobrira que a vida só acontece dentro do coração, da mente e do corpo. O resto é apenas exterior, é paisagem que emoldura o viver.
Sentada na areia branca e fina, observava o horizonte enquanto a luz do dia se dissipava a cada piscar de olhos. Deu-se conta da existência quando o escuro se fez mais completo e conseguiu ver as estrelas que lhes piscavam os olhos, buscando cumplicidade.
Era noite, então. E ela fechou os olhos e se deixou levar pelo barulho molhado das ondas que ousavam respingar em seus pés. Súbito, uma faísca rompe a linha do horizonte e, mas rápido que seu pensamento, surge o sol a queimar-lhe as retinas. Uma luz de absoluta vida entrando por todos os poros, com cheiro de existência e sonho, a chamava de forma definitiva. Deixou-se abduzir e foi então que nasceu.

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