sexta-feira, 12 de agosto de 2011

SÓ NOS RESTA O DESVIO

As letras são tão poucas pra gente esrever e dizer o que deseja. Aí, o negócio é escrever um monte de textos, que vão se acumulando em um monte de livros, que, por sua vez, vão se juntar a mais um tantão de livros de outras pessoas com a mesma dificuldade nossa, porque a língua restringe a nossa liberdade de expressão e aprisiona nosso pensamento, condicionando-nos a dizer de determinada forma um conteúdo que é água escorrendo entre os dedos, lavando o rosto, se impregnando pelo solo poroso...
Eu penso 'sol' e tenho que escrever três letras ridiculamente sobre uma folha de papel ou apertando teclas do computador. Isso é absurdamente redutor da realidade 'sol', mas é o que eu posso fazer. Triste, né?
O que acaba por acontecer é a gente promover uma suruba de letras para buscar uma maneira de manifestar o que a gente quer. Foi Roland Barthes que disse ser a língua uma ditadura por nos impor um jeito de escrever e falar, um exercício de poder. Ele continuava seu pensamento afirmando que a literatura era a única forma de nos libertarmos dessa submissão; a literatura seria "esse logro magnífico que permite ouvir a língua fora do poder, no esplendor de uma revolução".
Assim, estaremos sempre num purgatório, pois só seríamos livres fora da linguagem, embora só possamos existir dentro dela.
Amigos,só nos resta o desvio!

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