terça-feira, 22 de maio de 2012

Texto de Luizete Pena, na Oficina Literária realizada no CCJF

Alegria na garrafa
Oficina Literária – 18/5/2012 – CCJF – Centro Cultural da Justiça Federal
Luizete Pena



Maria Luiza tinha vindo do subúrbio com a cabeça cheia de problemas. Copacabana foi a praia escolhida para passar o dia, na tentativa de esquecer o sufoco que a atormentava. A viagem de trem e metrô lotados era compensada com a beleza do mar, a paisagem, o colorido das barracas, o ir e vir das pessoas. Não chegava a ser um dia ensolarado, mas o barulho gostoso das ondas espantava as dores da alma, e a água salgada desmanchava as lágrimas que rolavam pelo rosto. Depois de alguns mergulhos, resolveu sentar diretamente na areia, queria sentir os grãos tocando seu corpo. Deitou, em seguida, sentindo a água ir e voltar devagarinho.
Numa dessas idas e vindas das ondas, algo duro esbarrou em seu pé direito, bem pertinho do calo que tanto a incomodava. Abriu os olhos e viu que se tratava de uma garrafa com uma mensagem. Imaginou que estivesse ficando louca, mas, com curiosidade de criança, acabou lendo o papel do vidro transparente.
A mensagem parecia vir de alguém muito especial, algum náufrago com uma vontade enorme de construir um mundo melhor. Dizia assim:
“Esta garrafa está repleta de alegria.  Abra.  Contamine-se  e jogue-a ao mar novamente.
Sou um náufrago.  Muito prazer.  Entre em contato comigo: 
A alegria de Maria Luiza era tanta que ela queria sair gritando pela praia, mas a vergonha de parecer ridícula foi maior. Acabou relendo o texto algumas vezes, lamentando não poder levar para mostrar pra todo mundo aquele “bilhete premiado”. Era preciso devolvê-lo ao mar, a mensagem dizia. Anotou num minúsculo papel o endereço eletrônico que estava no bilhete. Não tinha muita intimidade com o computador, mas sonhava em mandar um email para um náufrago que jamais o receberia, mas que precisava saber que ele foi capaz de mudar a sua vida, para sempre.


(*) mensagem da garrafa escrita por Vera Lucia, na própria oficina literária coordenada por Maria Emilia Algebaile.



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